Quando eu decidi que queria parir a Isa, foquei muito no parto e fechei os olhos para os procedimentos com o bebê. Talvez por imaturidade, ignorância ou um misto de ambos, eu permiti que minha primeira filha passasse por muitas intervenções de rotina. Eu ainda não tenho meu prontuário para dizer certamente quais foram os procedimentos realizados no meu bebê, mas sei que aspirada ela foi, por exemplo.
Eu ainda pretendo postar meu relato de parto da Isa aqui, vou procurar, mas só pra resumir, eu fiquei 2 dias e meio com contrações a cada 5 minutos. Apesar de longo e cansativo, foi um parto suave e tranquilo. Eu fui internada com 9 cm, e 3 horas e 45 minutos depois a Isa nasceu no quarto do hospital e não no centro cirúrgico. Sem cortes, sem anestesia, com meu companheiro do lado e a profissional que escolhi para me assistir pegando a bebê. Eu fiquei bastante satisfeita por ter parido, e o fato de ter sido separada do bebê, ou de permitir que realizassem os procedimentos não me pareceu tão importante durante bastante tempo. Mesmo com essa experiência, antes mesmo de engravidar novamente eu já desejava que meu próximo bebê nascesse em casa. Não sabia quem iria me acompanhar, como seria, quanto tempo depois, mas queria que fosse na minha casa. E uma grande motivação para ter o parto em casa era permanecer com meu bebê durante todo tempo. Sem me preocupar com as intervenções desnecessárias.
E assim, quando engravidei de novo, fui atrás de assistência e nos programamos. A Clara nasceu num parto tsunamico, intenso demais e rápido. E assim que eu a recebi em meus braços, 5 anos exatos após ter parido sua irmã, eu pedi que ela ficasse comigo. Eu me lembro de esfregá-la e pedir que ela ficasse comigo porque eu a tinha esperado por tanto tempo. Afinal foram anos esperando engravidar, e 41 semanas e 4 dias esperando pelo novo bebê. Eu acreditei que isso foi o que saiu de mim em palavras ditas para ela nos primeiros momentos do parto. Acreditei nisso até sabado, no ENAPARTU, quando assisti ao documentário (lindo por sinal) O Renascimento do Parto !
As palavras que disse pra Clara, na verdade, foram referente a espera por ter meu recém nascido no colo. Eu realmente esperei por tanto tempo para sentir o cheiro, tocar o sangue, o vérnix, o cordão. Para ver seus olhos abrirem pela primeira vez em camera lenta, para ver seus lábio procurarem pelo mamá. Para ter meu bebê conectado pelo cordão ainda por horas. Eu gestei duas vezes por isso, porque da primeira vez eu fui roubada ! Eu esperei isso por muito tempo. O momento precioso. O respeito a nossa intimidade, a nossa nova simbiose.
Tiraram de mim o que é o ápice do gozo após o parto. Tiraram de mim o bebê melecado e a mãe instintiva que nascia naquele momento. E eu sinto tanto por isso !
Eu sabia das intervenções da primeira vez, mas só quem passa por isso, só quem pega seu bebê e o sente de verdade, em cada detalhe, sabe como é difícil ter perdido isso da primeira vez, e o mais triste é que foi sem necessidade.
Eu pedi que a Clara ficasse comigo, eu pedi no calor do momento, na maluquice, na falta de lucidez, na pureza dos sentimentos. Eu não falei belas palavras para minha bebê, mas foram as mais sinceras. As que brotaram do coração, da alma, do corpo. Que brotaram do machucado que se formou anteriormente.
Nenhuma mãe deveria ser separada de seu bebê após o nascimento. Se ambos estiverem bem, isso jamais deveria acontecer !
Oi Lê, concordo com vc.. fui separada também e isso faz uma falta sem tamanho. Uma agressão, um pecado. Nenhuma cria deveria ser separada de sua mamãe, de forma alguma. No reino animal, se separar, a mãe rejeita. Não faz sentido.
ResponderExcluirBjo!