quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Texto informativo: Parto domiciliar: direito reprodutivo e evidências

http://guiadobebe.uol.com.br/parto-domiciliar-direito-reprodutivo-e-evidencias/

Parto Domiciliar: direito reprodutivo e evidências

O parto domiciliar é uma opção segura para as parturientes de baixo risco
atendidas por profissionais qualificados e é um direito da mulher.

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao
passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma
via ecológica e sustentável para o futuro.” Ricardo Herbert Jones

Daniela Leal e Alexandre Amaral, psicólogos, no nascimento domiciliar de
Ravi.
Foto: Divulgação

A discussão sobre o local de parto deve se pautar, essencialmente, em dois
níveis: respeito à autonomia e ao protagonismo feminino, uma vez que a
escolha do local de parto é um direito reprodutivo básico; e
reconhecimento e adequada interpretação das evidências comparando partos
domiciliares planejados e partos hospitalares em gestantes de baixo risco.
Não se compreende mais na atualidade o processo de tomada de decisão
baseado exclusivamente nas concepções e na experiência do prestador de
cuidado, uma vez que, por definição, Medicina Baseada em Evidências
consiste na integração harmoniosa da experiência clínica individual com as
melhores evidências científicas correntemente disponíveis e com as
características e expectativas dos pacientes.

Apesar da posição contrária de alguns conselhos regionais de Medicina e da
Federação Brasileira de Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia
(Febrasgo), que vêm sistematicamente desaconselhando o parto domiciliar,
devemos destacar que tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) como a
Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) respeitam o
direito de escolha do local de parto pelas mulheres e reconhecem que,
quando assistido por profissionais habilitados, há benefícios
consideráveis para as mulheres que querem e podem ter partos domiciliares.
A OMS reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao
parto tanto médicos como enfermeiras-obstetras e parteiras e recomenda que
as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações
de baixo-risco, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de
contingência para transferência para uma unidade de saúde devidamente
equipada se surgem problemas durante o parto(1–3). Por sua vez, a FIGO
recomenda que "uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e
no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura”
(4). Outras sociedades no mundo, como o American College of Nurse Midwives
(5), a American Public Health Association (6), o Royal College of Midwives
(RCM) e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) (7)
apoiam o parto domiciliar para mulheres com gestações não complicadas. De
acordo com a diretriz do RCM e do RCOG, “não há motivos para que o parto
domiciliar não seja oferecido a mulheres de baixo risco, uma vez que pode
conferir consideráveis benefícios para estas e suas famílias” (7).

Mesmo o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG),
conquanto explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais
seguros, reconhece o direito das mulheres de escolher o local do parto.
Citando literalmente o resumo da diretriz, publicada em fevereiro de 2011:
“Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais e centros
de parto normal sejam os locais mais seguros para o nascimento, ele
respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente
informada sobre o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar
planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios
baseados nas recentes evidências. Especificamente, elas deveriam ser
informadas que embora o risco absoluto possa ser baixo, o parto domiciliar
planejado está associado com um risco duas a três vezes maior de morte
neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado. É importante
que as mulheres devam ser informadas que a adequada seleção de candidatas
para o parto domiciliar; a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou
parteiras certificadas, ou médicos atuando dentro de um sistema de saúde
integrado e regulado; o pronto acesso à consulta; e a garantia de
transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos são críticos
para reduzir as taxas de mortalidade perinatal e obter desfechos
favoráveis do parto domiciliar.” (8)

Em relação às evidências, a despeito dos temores do ACOG, devemos destacar
que essa conclusão de aumento do risco de morte neonatal se baseia
unicamente nos resultados da controvertida metanálise publicada em 2010
por Wax et al. no American Journal of Obstetrics and Gynecology (AJOG)
(9). O problema é que essa metanálise, que incluiu 12 estudos originais e
um total de 342.056 partos domiciliares e 207.551 partos hospitalares
planejados, apresentou diversos vieses e erros metodológicos grosseiros.
Os autores concluíram que os partos domiciliares planejados se associam
com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural,
monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor
frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos
neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de
prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida.
No entanto, apesar de as taxas de mortalidade perinatal serem semelhantes
entre partos domiciliares e partos hospitalares, os partos domiciliares se
associaram com aumento de cerca de três vezes das taxas de mortalidade
neonatal.

O artigo em questão gerou intensa polêmica na comunidade científica
internacional, seguindo-se diversas cartas publicadas em sequência no
próprio AJOG, das quais uma tem o provocativo título “Parto domiciliar
triplica a taxa de morte neonatal: comunicação pública ou má
ciência?”(10). Diante de todas as críticas, o AJOG resolveu investigar o
estudo em questão, e a revisão pós-publicação de fato encontrou erros na
análise original, embora não tenha alterado suas conclusões. A
conceituadíssima revista Nature se interessou pela questão, porém mesmo
solicitando diversas vezes que tanto Wax como o ACOG comentassem os
problemas apontados por vários especialistas, esses declinaram o convite.
A Elsevier, editora que publica a revista, reconhece os erros, mas não
acredita que esses possam motivar uma retratação (11).

Tentando resumir a enorme quantidade de críticas feitas à metanálise de
Wax, podemos afirmar que, à diferença das revisões sistemáticas da
Cochrane, essa não seguiu as diretrizes estabelecidas internacionalmente
para condução e publicação de metanálise, como o PRISMA (Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) ou o MOOSE
(Meta-Analyses and Systematic Reviews of Observational Studies). Diversos
erros estatísticos foram cometidos, até porque os autores utilizaram uma
calculadora para a metanálise que apresenta vários problemas, resultando
em Odds Ratio e intervalos de confiança incorretos, o que foi reconhecido
pelo próprio autor do programa. No entanto, o principal erro enviesando a
análise não foi estatístico, e sim um viés de seleção dos estudos, porque
os autores da metanálise excluíram o grande estudo de coorte holandês com
mais de 500.000 partos do cálculo do risco de morte neonatal, embora o
tenham incluído no cálculo do risco de morte perinatal. Na verdade, os
dados da metanálise são contraditórios em relação à morte neonatal e
perinatal basicamente porque os autores definiram morte perinatal como
morte fetal depois de 20 semanas ou a morte de um recém-nascido (RN) vivo
nos primeiros 28 dias de vida, em vez de nos primeiros sete dias de vida,
como é a recomendação internacional. Por outro lado, outros estudos usados
para calcular o risco de morte neonatal foram incorretamente incluídos e
outros que poderiam ter sido incluídos para o cálculo de morte perinatal
foram excluídos, por razões que não ficam bem claras. Os dados utilizados
para o cálculo de morte neonatal incluíram partos que não tinham sido
assistidos por parteiras ou enfermeiras-obstetras certificadas, o que já
se demonstrou ser fator importante para redução dos riscos. Mesmo
revisando os dados e apresentando os gráficos em uma publicação ulterior
na revista com os novos números calculados corretamente, isso não resolve
os sérios problemas metodológicos pertinentes à definição de termos e
critérios de inclusão e exclusão.

Em suma, como refere Keirse em seu brilhante artigo publicado na Birth em
Dezembro de 2010 (“Home Birth: Gone Away, Gone Astray, and Here To Stay”)
“combinar estudos de parto domiciliar e hospitalar, sem diferenciar o que
está dentro deles, onde eles estão e o que os circunda, é semelhante a
produzir uma salada de frutas com batatas, abacaxi e salsão”. (12)

O fato é que, à parte a enviesadíssima metanálise de Wax et al., todos os
grandes estudos observacionais publicados reforçam as vantagens do parto
domiciliar em termos de desfechos maternos, resultando em menor taxa de
intervenções como episiotomia, analgesia, uso de ocitocina, operação
cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do
risco de complicações para mães e bebês e com elevado grau de satisfação
das usuárias que passaram por essa experiência (13–15). Dentre esses
estudos, destacamos o estudo holandês (de Jonge et al.), publicado em
2009, envolvendo mais de 500.000 partos (16), e que foi arbitrariamente
excluído da metanálise, como já apontamos anteriormente, e os estudos mais
recentes, publicados em 2011, o do National Health System (NHS) no Reino
Unido (mais de 60.000 partos) (17) e outro grande estudo de coorte
holandês com mais de 679.000 partos (18). Nesse último estudo,
evidenciou-se uma mortalidade perinatal de 0,15% em partos domiciliares
planejados contra 0,18% em partos hospitalares planejados em parturientes
de baixo risco. O fato é que, infelizmente, mesmo com a melhor
assistência, 15-18 em cada 10.000 RN irão morrer, quer nasçam em casa quer
no hospital, mesmo em países desenvolvidos como a Holanda, não havendo
diferença significativa nessa mortalidade de acordo com o local de parto.

Essa ausência de diferença relevante no prognóstico perinatal foi
corroborada na revisão sistemática publicada em 2012, envolvendo 22
grandes estudos observacionais que compararam os desfechos maternos e
perinatais de partos extra-hospitalares (domiciliares ou em casas de
parto) assistidos por obstetrizes (modelo não médico) com partos
intra-hospitalares assistidos por médicos (19). A conclusão dessa revisão
sistemática é que mulheres de baixo risco atendidas em casas de parto ou
domicílio por obstetrizes certificadas passam por menor número de
intervenções obstétricas e têm maior chance de ter partos normais do que
mulheres de baixo risco recebendo o atendimento obstétrico padrão em
hospitais. Nenhuma diferença na mortalidade perinatal foi encontrada.
Reforça-se a importância do treinamento adequado das obstetrizes para a
identificação e o pronto tratamento de eventuais complicações intraparto
(19).

Embora a utilização de evidências de estudos observacionais possa ser alvo
de críticas, o fato é que não dispomos de ensaios clínicos randomizados
(ECR) comparando partos domiciliares vs. hospitalares. Um único ECR foi
publicado e incluído na revisão sistemática da Biblioteca Cochrane, porém
só conseguiu avaliar 11 mulheres (20). De fato, alguns especialistas podem
considerar difícil elaborar recomendações fortes com base em evidências
fracas, oriundas de estudos observacionais, mas o mínimo que profissionais
e sociedades deveriam reconhecer é que também não dispomos de evidências
fortes corroborando a segurança do parto hospitalar para parturientes de
baixo risco e seus neonatos.

No entanto, randomizar mulheres para parto domiciliar ou hospitalar é
virtualmente impossível: de acordo com Keirse, essas mulheres para quem
“tanto faz” parir em casa como no hospital seriam “tão raras quanto
elefantes brancos”, mas mesmo que essas mulheres fossem encontradas,
dificilmente as conclusões de um ensaio clínico randomizado com essa
amostra poderiam ser extrapoladas para mulheres diferentes em situações e
contextos clínicos diferentes. Mulheres que DESEJAM ter seus bebês em casa
diferem substancialmente daquelas que escolhem um parto hospitalar, da
mesma forma que os profissionais que prestam assistência a partos
domiciliares ou exclusivamente a partos hospitalares também são bastante
diferentes entre si.

Na prática, devemos considerar que tanto gestantes como profissionais de
saúde têm sempre o mesmo e primaz objetivo de garantir uma experiência de
parto satisfatória, com mãe e bebê saudáveis. Por outro lado, é um direito
reprodutivo básico para as mulheres poder escolher como e onde irão dar à
luz. Essa escolha deve ser informada pelas melhores evidências
correntemente disponíveis, e essas evidências sugerem, sem se considerar a
metanálise equivocada de Wax et al., que o parto domiciliar é uma opção
segura para as parturientes de baixo risco atendidas por profissionais
qualificados. Como vantagens em relação ao parto hospitalar se destacam a
menor frequência de intervenções para a mãe e o conforto e a satisfação
das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu
próprio lar. As taxas de mortalidade perinatal e neonatal são semelhantes
àquelas observadas em partos hospitalares de baixo risco. No entanto, a
decisão final deve se basear tanto nas evidências como nas características
e expectativas das gestantes, bem como na experiência e qualificação dos
prestadores e nas facilidades de acesso aos serviços de saúde.

De fato, o parto domiciliar planejado não somente continua acontecendo no
Brasil, como vem crescendo o número de mulheres que optam por essa
alternativa, apesar de ainda não dispormos de estatísticas confiáveis
sobre o número exato, uma vez que os nossos sistemas de informação não
permitem ainda distinguir partos domiciliares planejados dos não
planejados e ocorridos sem assistência. No entanto, com o acesso amplo à
Internet e o constante debate nas redes sociais, diversas mulheres têm
compartilhado e comparado as suas experiências de parto em nosso país.
Existe uma parcela crescente de mulheres insatisfeitas com o atual modelo
de assistência obstétrica, excessivamente tecnocrático e caracterizado,
por um lado, pelas taxas de cesárea inaceitavelmente elevadas no setor
privado (mais de 80%) e, por outro, pelos partos traumáticos e com excesso
de intervenções no Sistema Público de Saúde. Apesar da política de
Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento preconizada pelo
Ministério da Saúde no Brasil (21), é fato que o modelo atual,
hospitalocêntrico e medicalocêntrico, não permite ainda à maior parte das
usuárias ter uma assistência ao parto humanizada e segura. Vivemos ainda
em um país onde, "quando não se corta por cima, se corta por baixo", como
bem definem Diniz e Chachan, referindo-se às cesáreas e episiotomias
desnecessárias (22). Mais ainda, vivenciamos o chamado “paradoxo perinatal
brasileiro”, uma vez que apesar de termos 98% de partos hospitalares e da
adoção indiscriminada da tecnologia para assistência ao parto, a
mortalidade materna e neonatal persistem elevadas (23).

Para completar, uma em cada quatro mulheres brasileiras internadas para
assistência ao parto em hospitais públicos ou privados relata ter sofrido
violência institucional, traduzida por qualquer forma de agressão
perpetrada pelos profissionais de saúde que lhe prestam atendimento. Essas
agressões não envolvem apenas o uso de procedimentos, técnicas e exames
dolorosos e desnecessários, mas até ironias, gritos e tratamentos
grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele
(24). A violência institucional durante o parto pode assumir múltiplas
facetas e representa um problema internacionalmente reconhecido (25). Em
diversos hospitais ainda não se permite a presença do acompanhante, mesmo
com a Lei 11.108/2005 estabelecendo a obrigatoriedade de tanto hospitais
públicos como privados permitirem a presença, junto à parturiente, de um
acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato
(26).

O atual modelo de assistência ao parto em nosso País é assustador, com os
52% de cesarianas (27) contrastando com uma mortalidade materna em torno
de 70 para 100.000 nascidos vivos (28, 29) Mais ainda, embora falido e não
sustentável em longo prazo, permite ainda a muitos profissionais soluções
cômodas a que esses se aferram, de dentro de sua zona de conforto, como a
praticidade e a conveniência de programar cesarianas eletivas sem
indicação médica definida. Curiosamente, são esses os mesmos profissionais
que defendem o "direito" da mulher de escolher sua via de parto, embora
aparentemente este direito tenha mão única, só valha para a minoria de
mulheres que desejam uma cesariana e não inclua aquelas que desejam um
parto normal nem tampouco se estenda para a decisão sobre o local de parto
(30). A voz das mulheres e o seu direito de escolha têm sido grandemente
ignorados (31).

O debate em torno do parto domiciliar, não apenas no Brasil, mas em todo o
mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado. Impõe-se o seu
direcionamento sob uma perspectiva mais racional, focada em evidências.
Nossa intenção é promover ampla discussão com toda a sociedade, tentando
estabelecer um consenso, visando a garantir o respeito a um direito
reprodutivo básico, qual seja a escolha do local de parto, mas também a
implementar estratégias para aumentar a segurança e a satisfação das
usuárias em TODOS os partos (12). Isso inclui tanto melhorar e humanizar a
atenção hospitalar no sentido de que os partos assistidos em maternidades
ou centros de parto normal possam representar uma experiência gratificante
para as mulheres, como estabelecer diretrizes para a seleção adequada das
candidatas ao parto domiciliar e um atendimento obstétrico seguro e de
qualidade em domicílio.

REFERÊNCIAS

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mulheres e médicos brasileiros sobre a preferência pela via de parto
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102004000400002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Melania Maria Ramos de Amorim
MD, PhD
Veja Perfil Completo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vínculo mãe bebê !

Quando eu decidi que queria parir a Isa, foquei muito no parto e fechei os olhos para os procedimentos com o bebê. Talvez por imaturidade, ignorância ou um misto de ambos, eu permiti que minha primeira filha passasse por muitas intervenções de rotina. Eu ainda não tenho meu prontuário para dizer certamente quais foram os procedimentos realizados no meu bebê, mas sei que aspirada ela foi, por exemplo.
Eu ainda pretendo postar meu relato de parto da Isa aqui, vou procurar, mas só pra resumir, eu fiquei 2 dias e meio com contrações a cada 5 minutos. Apesar de longo e cansativo, foi um parto suave e tranquilo. Eu fui internada com 9 cm, e 3 horas e 45 minutos depois a Isa nasceu no quarto do hospital e não no centro cirúrgico. Sem cortes, sem anestesia, com meu companheiro do lado e a profissional que escolhi para me assistir pegando a bebê. Eu fiquei bastante satisfeita por ter parido, e o fato de ter sido separada do bebê, ou de permitir que realizassem os procedimentos não me pareceu tão importante durante bastante tempo. Mesmo com essa experiência, antes mesmo de engravidar novamente eu já desejava que meu próximo bebê nascesse em casa. Não sabia quem iria me acompanhar, como seria, quanto tempo depois, mas queria que fosse na minha casa. E uma grande motivação para ter o parto em casa era permanecer com meu bebê durante todo tempo. Sem me preocupar com as intervenções desnecessárias.
E assim, quando engravidei de novo, fui atrás de assistência e nos programamos. A Clara nasceu num parto tsunamico, intenso demais e rápido. E assim que eu a recebi em meus braços, 5 anos exatos após ter parido sua irmã, eu pedi que ela ficasse comigo. Eu me lembro de esfregá-la e pedir que ela ficasse comigo porque eu a tinha esperado por tanto tempo. Afinal foram anos esperando engravidar, e 41 semanas e 4 dias esperando pelo novo bebê. Eu acreditei que isso foi o que saiu de mim em palavras ditas para ela nos primeiros momentos do parto. Acreditei nisso até sabado, no ENAPARTU, quando assisti ao documentário (lindo por sinal) O Renascimento do Parto !
As palavras que disse pra Clara, na verdade, foram referente a espera por ter meu recém nascido no colo. Eu realmente esperei por tanto tempo para sentir o cheiro, tocar o sangue, o vérnix, o cordão. Para ver seus olhos abrirem pela primeira vez em camera lenta, para ver seus lábio procurarem pelo mamá. Para ter meu bebê conectado pelo cordão ainda por horas. Eu gestei duas vezes por isso, porque da primeira vez eu fui roubada ! Eu esperei isso por muito tempo. O momento precioso. O respeito a nossa intimidade, a nossa nova simbiose.
Tiraram de mim o que é o ápice do gozo após o parto. Tiraram de mim o bebê melecado e a mãe instintiva que nascia naquele momento. E eu sinto tanto por isso !
Eu sabia das intervenções da primeira vez, mas só quem passa por isso, só quem pega seu bebê e o sente de verdade, em cada detalhe, sabe como é difícil ter perdido isso da primeira vez, e o mais triste é que foi sem necessidade.
Eu pedi que a Clara ficasse comigo, eu pedi no calor do momento, na maluquice, na falta de lucidez, na pureza dos sentimentos. Eu não falei belas palavras para minha bebê, mas foram as mais sinceras. As que brotaram do coração, da alma, do corpo. Que brotaram do machucado que se formou anteriormente.
Nenhuma mãe deveria ser separada de seu bebê após o nascimento. Se ambos estiverem bem, isso jamais deveria acontecer !

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eu não sou paciente !

E o CREMERJ nos aprontou mais uma! Agora vetou a presença de doulas e obstetrizes em partos hospitalares. Escreveu um monte de coisas absurdas, gente que não tem o que fazer ! Como se essa fosse a maior preocupação deles - o orgulho ferido.
Tem um abaixo assinado rolando por aí. Eu assinei claro, e me manifesto publicamente contra toda essa palhaçada e ignorância ! Não como doula, e sim como mulher, como cidadã. 
Então, nós já temos umas 1500 assinaturas, você não precisa ser doula, obstetriz, você só precisa ser a favor do direito de escolha ! Aqui vai o link: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=265266RJ


Sobre as marcas que carregamos

Ontem pela manhã eu olhei para minhas estrias que sairam na gravidez da Isa e da Clara, ambas no mesmo lugar, quase que sobrepostas e me senti saudosa do barrigão ! Me peguei pensando que aquelas eram as marcas mais consistentes que carrego por ter tido duas barrigas cheias como a lua, redondas, recheadas. E eu, que amei estar grávida confesso que tenho minhas estrias com orgulho.
Socialmente, no nosso mundo onde as mulheres devem ser perfeitas, desenhadas, verdadeiras barbies bonecas, minhas estrias não seriam bem vinda. Elas são consideradas marcas que estragam o corpo da mulher e fazem com que muitas se submetam a cirurgias para ocultá-las. Não só marcas como estrias, mas qualquer outro tipo de marca causado pelo tempo ou pelas mudanças (gestação, amamentação).
Eu já tinha ouvido isso de outras mulheres, que gostavam das marcas, das cicatrizes, só que nunca tinha sentido. Ontem eu senti, e eu jamais apagaria essas lembranças do meu corpo. Assim como uma tatuagem, eu as tenho no corpo e no coração. Eu as amo !

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Infância livre de consumismo

Carta aberta ao Conar

Duas recentes medidas do Conar referentes aos abusos da publicidade voltada para as crianças nos deixaram preocupados e ainda mais descrentes da atuação deste órgão com relação à proteção da infância.
A primeira foi a decisão de sustar a campanha da Telessena de Páscoa por anunciar para o público infanto-juvenil um produto que só pode ser vendido para maiores de 16 anos (de acordo com regulamentação da SUSEP). A segunda foi a advertência dada pelo Conar à Ambev, com relação ao ovo de páscoa de cerveja da Skol.
Ambas atitudes do Conar seriam dignas de aplausos – se tivessem sido tomadas quando as campanhas publicitárias estavam no ar, na Páscoa, em março. Mas o Conar só agiu em junho, quando as campanhas já não eram mais veiculadas.
Com isso, não houve nenhum impedimento para que a mensagem indevida da Telessena atingisse impunemente milhões de brasileirinhos e que a Ambev promovesse bebida alcoólica através de um produto de forte apelo às crianças. A advertência à Skol é ainda mais ineficaz, pois não impede que no próximo ano, produto semelhante seja oferecido.
O Movimento Infância Livre de Consumismo vê nessas decisões a comprovação de que o atual sistema de autorregulamentação praticado pelo mercado publicitário brasileiro é lento, omisso e ineficiente. Fato ainda mais grave quando se trata da defesa do público infantil.
Por isso, exigimos que a publicidade infantil sofra um controle externo como todas as atividades empresariais. Reiteramos nossa postura de que, sem leis e punição, jamais teremos uma publicidade infantil mais ética.
Nós, mães e pais, exigimos respeito à infância dos nossos filhos e solicitamos que estas duas atuações não constem dos autos do Conar como casos de sucesso. Contabilizar pareceres dados depois que as campanhas saíram do ar, como exemplo da firme atuação do Conar, é propaganda enganosa. E isso contraria o tal Código de Autorregulamentação que os publicitários insistem em tentar nos convencer que funciona.
(Este texto faz parte de uma blogagem coletiva proposta pelo Movimento Infância Livre de Consumismo juntamente com blogs parceiros. Este movimento é composto por pais e mães que desejam uma regulamentação séria e eficiente da publicidade voltada para crianças. Para saber mais acesse: http://www.infancialivredeconsumismo.com.br)

Compartilho texto da Paula Mariá

Eu conheci esse blog faz pouco tempo. E AMEI !
Compartilho um texto muito bom, espero que pensemos antes de falar qualquer coisa.
Na marcha do parto em casa rolou cantar umas músicas chamando o pessoal do CREMERJ de filhos da puta. E eu na hora pensei, meu, que conflitante ! Uma marcha pelo direito das mulheres, pelo respeito a elas, e caimos de novo na ideia comum de criticar uma mulher com a vida sexual ativa.
Leiam. Vale a pena !
http://ativismodesofa.blogspot.com.br/2012/07/no-meutexto-sobre-piadas-politicamente.html

Vídeo sobre a MARCHA DO PARTO DOMICILIAR

Participar da marcha do parto em casa foi emocionante.Participar de uma revolução pelo amor. Pelo respeito. Pelo direito de escolha da mulher !
A marcha, apesar do nome, não foi pelo parto ser em casa. E sim pelo direito da mulher escolher onde e como quer ter seu bebê.
O vídeo abaixo mostra que a marcha ocorreu em mais de 32 cidades. Eu participei da de Sorocaba e de São Paulo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Reportagem sobre Parto Domiciliar !




Parto domiciliar divide opiniões entre médicos e mães



Cada vez mais procurado, o parto humanizado é um conceito de dar à luz da maneira mais natural possível. Trata-se de um parto feito num ambiente harmônico, com o mínimo de intervenção externa, no entanto, ainda não existe definição protocolar para esse procedimento.

O parto domiciliar já foi a opção mais segura para as mulheres. Na Europa de até meados do século 19, os médicos não conheciam conceitos, nem a importância, de procedimentos como a assepsia e era comum que manipulassem enfermos, cadáver e logo depois realizassem um parto. Nessas condições, os índices de mortalidade em geral e também dos recém-nascidos era  alto. Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados para o nascimento de crianças. No entanto, muitas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.

Algumas famosas como Gisele Bündchen, Juliana Knust e Daniele Suzuki também optaram pelo parto humanizado afirmando resgata o direito da mulher de escolher o que será melhor para ela e seu filho, sem ter que simplesmente aceitar as regras dos médicos e hospitais.

As mulheres que optam por esse método se sentem realizadas, no entanto, na hora de seguir o exemplo das celebridades, os cuidados básicos com saúde da criança e da mãe não podem ficar de fora. Qualquer mulher que tome essa decisão deve estar em dia com os exames necessários e ser acompanhada por médicos.

No Brasil, o parto domiciliar não é recomendado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), por causa do risco à mulher e ao bebê.

Para as mulheres que decidem, ainda assim, dar à luz à moda antiga, é necessário um pré-natal bem feito e com acompanhamento adequado, infraestrutura mínima, condições de transporte de urgência e preparo do profissional que vai acompanhar o parto, seja eles, uma enfermeira ou um médico.

Em entrevista com Letícia Schimidt Arruda, mãe, doula e organizadora do grupo Ishtar de Sorocaba, o Folha da Cidade esclarece algumas curiosidades sobre o parto domiciliar.



FOLHA - Quais são as vantagens do parto em casa?

LETÍCIA - Eu acho que a maior vantagem é estar num local conhecido, familiar, onde você pode escolher desde a assistência, pessoas que estarão com você, o que deseja comer ou beber, até o tempo que o bebê ficará ao seu lado e quando dar o primeiro banho. Além disso, no último estudo sobre a segurança do parto domiciliar comprovou que o grau de satisfação materna é aumentado em relação ao parto hospitalar.

Acho importante ressaltar que  os estudos mais recentes, publicados em 2011, o do National Health System (NHS) no Reino Unido e outro estudo holandês com mais de 679.000 partos mostram a segurança do parto domiciliar. Nesse último estudo, evidenciou-se uma mortalidade perinatal de 0,15% em partos domiciliares planejados contra 0,18% em partos hospitalares planejados em parturientes de baixo risco. Como diz a camiseta que minha filha usou na marcha do parto em casa: “Eu nasci com segurança amor e respeito. Eu nasci em casa”. Acho que essa frase já diz tudo.



FOLHA - Quais medidas você teve que adotar para realizar o parto domiciliar?

LETÍCIA - Eu fiz o pré-natal normal, com exames, ultrassono-grafias, consultas regulares e ao final da gestação estava tudo ok, ou seja, era uma gestação de baixo risco o qual eu podia escolher onde ter o bebê. Então, optei pelo parto em casa. Foi necessário escolher assistência, definir um plano B (mesmo o parto ocorrendo em casa, precisa ter escolhido um hospital próximo para transferência, se necessário), manter a casa limpa e organizada (separei comida, toalhas de banho, roupa de cama, lençol descartável) e esperar o grande dia.



FOLHA - Como foi o nascimento da sua filha?

LETÍCIA - Eu conheci a opção do parto domiciliar quando estava grávida da minha primeira filha, que hoje tem 5 anos. Mas não tive tempo de amadurecer a ideia, e estudar os riscos e benefícios. O primeiro nascimento foi uma experiência legal, porém fui separada do meu bebê, ela não pôde mamar na primeira hora, eu não a vi direito assim que nasceu pela rapidez com que ela foi levada, isso me levou a questionar mais a fundo o porquê do parto domiciliar.

Em dezembro de 2007 fiz o curso de doula (mulher que auxilia outras mulheres na gestação, parto e pós-parto) e acompanhei alguns partos em casa, todos planejados, com assistência profissional e todos tiveram excelentes resultados.

Quando eu engravidei da segunda filha, o parto em casa foi minha primeira opção. Fui acompanhada e contratei uma equipe para vir me atender em casa. Era uma obstetriz e uma médica neo-natologista, além de uma doula.  Minha filha nasceu de um parto muito tranquilo e intenso, no chuveiro da minha casa e foi aparada por mim e pelo meu marido. Permaneceu no meu colo durante toda avaliação, mamou e conheceu a irmã em seguida, o que tornou nosso momento ainda mais especial. Depois de algum tempo brindamos a chegada da pequena na família junto à equipe, foi um dia muito emocionante, um evento familiar!



FOLHA - Considerações.

LETÍCIA - O grupo Ishtar existe para a troca de informações e experiências, que podem ser obtidas no  ishtarsorocaba.blogspot.com. As reuniões acontecem quinzenalmente e são gratuitas.



MARCHA - No domingo, 17 de junho, mulheres de diversas cidades do Brasil foram às ruas para lutar por um direito. Elas querem poder escolher onde vão dar à luz.

O movimento Marcha do Parto em Casa ganhou força depois que o programa Fantástico, exibiu uma reportagem sobre o tema onde o obstetra Jorge Francisco Kuhn defendeu o parto domiciliar para mulheres saudáveis que realizaram um pré-natal completo com o acompanhamento de um especialista. Porém o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) pediu ao Cremesp, uma punição para o obstetra.

Para Letícia Arruda participar da Marcha do Parto em Casa foi muito especial, “foi um manifesto nacional, que aconteceu em mais de 23 cidades brasileiras. Apesar do nome, a marcha não era pelo parto em casa e sim pelo direito de escolha das mulheres. Eu acho que toda mulher deve ter acesso real à informação e decidir o que é melhor para ela e para o bebê. Uma marcha pela liberdade e pelo respeito a todas as mulheres! Muitas ainda são desrespeitadas, sofrem violência obstétrica e acham normal! Espero que com o assunto na mídia, uma parcela da sociedade ao menos pense sobre o assunto”, salientou.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Introdução de alimentos

Faz algum tempo que eu tenho pensado sobre introdução de alimentos e, agora com meu blog rs, posso postar aqui o que to achando do assunto.
Pra começar, acho que 6 meses para começar a introdução uma data média. Explico. Pra mim é como as 40 semanas de gestação. Alguns bebês ficam prontos antes, outros bem depois. E tudo bem. Não precisa haver uma regra, um tempo afixado para começarem a comer.
Com a Isa eu fiz a introdução aos 7 meses, porque ela nunca apresentava interesse antes, e aos 7 meses (embora ainda não tivesse interesse por comer) eu achei que precisava dar algo. Após 2 consultas com 2 pediatras (!!), gostei mais da linha da segunda e lá fui eu começar. Lembrava sempre da frase da segunda pediatra: é importante você servir o que a criança possa comer, porque eventualmente eles vão enfiar a mão na sua comida e querer o que você está comendo.
De inicio essa frase não me soou tão impactante, entretanto aos poucos notei como é importante ter uma alimentação familiar saudável, para que a criança aprenda a comer bem.
Começamos então com almoço, nada de suquinhos (mesmo porque sou contra dar sucos assim, falarei mais), e nada de frutinhas de inicio. Eram sempre 3 variedades: um caule/folha, um fruto e uma raíz. Tudo com um fio de azeite por cima, amassado. E eu cozinhava tudo no vapor, e servia animadíssima e, depois da segunda colherada ela não queria mais. Eu dava de colher, com ela sentadinha em algum cadeirão, ou mesmo no chão, mas na minha frente. Eu quem oferecia. Depois fomos para jantar, e lanches da manhã e da tarde com frutas. Porém, o interesse dela era o mesmo.
Aos 9 meses (sei disso por ter foto datada) ela comia muito melhor com as mãos, seu interesse por brócolis em pequenos pedaços era bem maior do que nos legumes cozidos e amassados que eu apresentava. Com os pedacinhos ela tinha a curiosidade de pegar, e ia lá com seus dedinhos minúsculos e gorduchinhos para pegar, avaliar e então experimentar. Parte ia pro cabelo, pra roupa, pro chão, pra cachorrinha companheira, e alguma coisa ia pra boca ! Ela beliscou de tudo até os 2 anos, quando reduzimos o ritmo das mamadas e então ela passou a comer de verdade ! Acho que eu também relaxei um pouco, não fiquei mais tão apreensiva com quanto de cálcio e ferro, por exemplo, ela estava ingerindo em cada colheradinha micro que ela dava. Enquanto ela aprendia a comer, eu aprendia a relaxar e ser leve com as novas experiências.
A Isa hoje come muito bem. Tanto em variedade, quanto em quantidade ! É uma criança sem problemas para experimentar coisas novas, para curtir comidas conhecidas, para apreciar o momento da refeição.
Agora logo passo por isso de novo com a Clara. E desde quando ela nasceu penso muito sobre o assunto. O modelo de cozinhar x coisas e apresentar na colher, pratinho certo, sentadinha no cadeirão já não me faz sentido. Eu pensava em fazer ou comprar uma mesa de madeira pequenina e servir nossos alimentos lá, para que a Isa pudesse se alimentar e a Clara experimentar, com seus dedinhos, escolhendo o que quisesse desde sempre. Já com essa ideia formada, fui fazer um curso de Educação Ativa, onde ouvi muito sobre importância de servir variedade de alimentos e respeitar a decisão da criança, no caso, do bebê. E isso consolidou minha ideia de introdução de alimentos.
Comer é nutricional, precisamos das vitaminas, minerais, cálcio, ferro, proteínas, etc. Sim. Mas é além disso uma experiência cultural e de prazer ! Sim, é uma delícia comer ! Eu amo, pelo menos. É gostoso um prato colorido, perfumado e saboroso ! É rico, é uma explosão de sensações. E hoje eu acho que essa experiência é muito mais importante do que apenas se preocupar com comer para se alimentar, para "crescer forte e saudável".
É bacana dividir o alimento, observar outras pessoas comendo, conversar, se ambientar.
Por hora, imagino que teremos esse local de alimentação, com uma toalha bem bonita, com alguns pratos e muitas possibilidades. Sem neuras (ou com menos rs), um momento divertido, familiar, sem distrações, porém flexível.
Por ser um momento familiar, não vejo a mínima lógica do bebê se alimentar sozinho, fora do resto da família, antes de todos. Aqui pretendo oferecer junto, pelo menos as refeições durante o dia (lanche da manhã, almoço e lanche da tarde), talvez o jantar seja diferenciado do meu, por conta de horário de sono mesmo.
Veremos quais serão os primeiros alimentos da Clara e qual sua reação ! Em poucos meses, volto aqui pra contar ! Oba !

Aqui um vídeo de alguns bebês se alimentando com as mãos, a comida em pedaço, nada de papinhas:

http://www.youtube.com/watch?v=xVBdMDl4RXo&feature=youtu.be



Começando de novo !

Acho que esta é a quinta (ou mais) vez que tento fazer um blog. Acho a ideia super bacana, de ter um diário digital, mas acabo nunca levando adiante. Bem, não até agora.
Lendo hoje o blog da Natália (mamãe da Alice) me inspirei e resolvi tentar de novo !
Devo falar basicamente do que ocupa uns 90% da minha vida hoje, a maternidade ! E o quão delicioso acho vivenciar essa fase.
Eu tenho a Isa, de 5 anos, que foi bastante desejada e que trouxe uma revolução enorme na minha vida. Eu amei a experiência de estar grávida e fui me descobrindo e me conhecendo a partir daí. Foi com a gravidez da Isa que me surgiu pela primeira vez a ideia de querer um parto normal, de esperar amamentar, de me interessar por alimentação, educação, e descobrir enfim a matrix (tudo isso pretendo falar aqui).
Com tantas descobertas eu demorei para entender e aceitar muitas coisas, os primeiros 2 anos da minha filha foram os mais intensos da minha vida, um furacão de sentimentos, que refletiu em tudo que me cerca. Eu sempre quis outro(s) filho(s). Desde o dia que a Isa nasceu tive certeza que queria passar por tudo aquilo de novo. Minha paixão pela gravidez, pelo parto e pela amamentação, me fizeram seguir estudando e em dezembro de 2007 fiz o curso de doulas em SP. Acompanhei diversos partos, em casa, no hospital, todos com suas particularidades, com suas diferenças. E como é bacana conhecer tantas novas famílias se formando. E claro, ver tantas mulheres queridas se transformando ! Eu passei a organizar um grupo na cidade de Sorocaba, o Ishtar, junto com a minha amiga Carla e nós vivenciamos tantos encontros legais, tantos temas, tantas pessoas que conhecemos. A vontade de engravidar só aumentava dentro desse universo e em 2010 eu engravidei novamente, mas sofri um aborto espontâneo. E só após exatos 12 meses do aborto, eu me descobri grávida. Eu estava viajando, e na volta com um pequeno atraso e alguns sintomas bem sutis, fiz um teste de farmácia e lá estava a segunda faixa rosa ! Quanta alegria ! Era a Clara chegando.
Foi uma gravidez pra lá de especial, querida, deliciosa ! E a Clarinha veio se mostrar no dia 9 de fevereiro deste ano. Que sensação mágica, única, que foi tê-la em meus braços depois de um parto intenso e rápido. Ela nasceu em casa, debaixo do chuveiro, cercada de amor e respeito. Foi aparada por mim e pelo Neto, meu companheiro, e conheceu a irmã em seguida. A Clara está com seus 4 meses, 4 meses de fofurices rs. Ela veio pra consolidar muitos ensinamentos que tive com a Isa, veio num momento em que eu já me conhecia um pouco melhor, já sabia o que esperar, não era mais uma moça indefesa com seu bebê no colo e sim uma mulher forte que sabe bem o quão desafiador pode ser a entrega da maternagem !
Aos poucos vou escrever meus pensamentos aqui, uma parcela deles pelo menos. Devo falar um bocado sobre parto, amamentação, alimentação, educação, paternidade, e outros... Veremos o que me vem a mente !