quarta-feira, 24 de abril de 2013

Obedecer, pra você isso é positivo?

Faz um tempo eu li esse post que me fez pensar muito sobre a palavra obedecer. O texto por si só já seria o bastante para re postar e fazer qualquer um que leia refletir sobre. Eu assisti ao filme que fala neste post, o Compliance e vi também o que tinha de vídeo do que aconteceu de verdade, então vamos lá. Ontem li também este post, que compartilhei inclusive no meu facebook.
O filme que gerou toda reflexão conta a história de um homem nos EUA que passava trotes para lanchonetes fast food e se dizia ser uma autoridade social, um policial, que estava investigando uma funcionária por um suposto roubo. Ele falava com a/o gerente da lanchonete, passava aleatoriamente características físicas de uma funcionária e a/o gerente encaixava alguém que seria a vítima de todo esse conto de terror. Definido quem seria vítima, o suposto policial pedia para chamá-la e mantê-la presa na sala da gerência enquanto inventava desculpas e conduzia quem estivesse na linha a revistá-la intimamente, tirar a roupa, observar, tocar e até forçar ao ato sexual. 
Sim, estupro. 70 trotes como esse nos Estados Unidos fizeram pessoas violentarem e estuprarem mulheres apenas se identificando como uma autoridade. O homem que passava esses trotes (vocês podem ver no filme) falava com as pessoas elogiando e se mostrando superior durante toda ligação, que no caso que retrata em Compliance, dura ao todo 4 horas. Parece até mentira.
Resumida a história, vem a minha reflexão, da mulher e mãe de 2 meninas. Por que damos importância a obedecer? Por que ouvimos desde crianças, dos pais, dos professores, e depois quando adulto, de chefes no trabalho que ser obediente é uma coisa boa? Pra quem isso é realmente positivo?
Fiz uma busca rápida no google e aqui o significado da palavra obedecer: 

Seguir os comandos,desejos e restrições de alguém.
Submete-se a vontade de outrem,na execução de um ato.
Deixar-se conduzir.
Ser submetido a uma força,


Isso só pode ser positivo para uma sociedade que não reflete, que não quer pessoas pensantes, que não quer questionar o sistema. Ouvimos aos montes que criança educada é criança com limite, criança que obedece e aí eu retruco: eu não quero filhas obedientes! Eu quero filhas inteligentes, pensantes, críticas e livres. Que se amem. Que não sejam violentadas nem por mim, nem pelo pai, nem professores, nem médicos, nem por nenhuma figura de autoridade por obediência. E não são só os pais que educam assim, a religião, a escola, e todas as grandes instituições. 
Essas 70 moças que foram violentadas e estupradas só não saíram do local porque elas (assim como eu) foram educadas para aceitar. Para serem obedientes.
De fato, é mais fácil lidar com quem não questiona, e aí volto a falar das minhas filhas. A pequena ainda não, agora a de 6 anos já noto alguma diferença. Ela não me vê com olhar de temor ou de quem deve acatar qualquer coisa em nome da obediência ou como dizem do "respeito". Respeito não tem nada a ver com isso.Obediência tem a ver com medo nunca com respeito. Respeitar o outro só é possível se respeitando em primeiro lugar. E nós estamos construindo uma nova relação de mãe e filha. Uma relação em que ela tem toda abertura e autonomia para questionar, para opinar, para definir seus limites. 
Fazendo um link com meu último post sobre O Renascimento do Parto, essa obediência também tem tudo a ver com nosso sistema obstétrico, com a quantidade absurda de mulheres sendo, de novo, violentadas, abusadas, cortadas e saem caladas e obrigadas a agradecer por estarem vivas. Triste não? 
Pra mim, chega disso! 




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